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Quem é a empresa italiana que acaba de comprar a bilionária brasileira Tivit

Após 15 anos nas mãos da Apax, Tivit é vendida para grupo italiano que fatura mais de 12 bilhões de reais

Tivit: acordo abre caminho para escalar a operação além do Brasil (Divulgação: TIVIT)

Tivit: acordo abre caminho para escalar a operação além do Brasil (Divulgação: TIVIT)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 12 de junho de 2025 às 17h18.

O mercado de tecnologia empresarial na América Latina entrou numa nova fase de consolidação.

Pressionadas pela concorrência de gigantes globais e pela demanda crescente por soluções de nuvem e cibersegurança, empresas locais passaram a ser alvos estratégicos para grupos internacionais.

É nesse contexto que a brasileira Tivit, com faturamento de 2,1 bilhões de reais, acaba de ser adquirida pela italiana Almaviva, uma das maiores empresas de tecnologia da Europa.

A compradora é um conglomerado fundado em Roma, com presença em 13 países e receita anual superior a 12 bilhões de reais. A Almaviva atua com foco em transformação digital, inteligência artificial e automação — e tem no Brasil sua maior operação fora da Itália. Em 2023, eram 37.000 funcionários e 1,7 bilhão de reais de faturamento.

O movimento marca um novo capítulo para a Tivit, que desde 2010 pertencia aos fundos da Apax Partners e já havia tentado abrir capital em diferentes momentos.

A venda ocorre após anos de reestruturações internas, cisões de unidades de negócio e foco em áreas como nuvem, segurança digital e plataformas SaaS, sigla para software as a service, ou software como serviço.

"A Tivit tem um histórico sólido e está presente nas maiores empresas do país. Integrar essa estrutura ao nosso ecossistema acelera nossa consolidação como uma das líderes globais em transformação digital", afirma Marco Tripi, CEO global da Almaviva.

Para o CEO da Tivit, Paulo Freitas, o acordo abre caminho para escalar a operação além do Brasil. “Entramos em um novo capítulo. A chegada da Almaviva abre portas para oportunidades ainda maiores de crescimento e inovação”, diz Freitas.

A Tivit é uma empresa brasileira de tecnologia que presta serviços para outras empresas. Ela ajuda clientes a manterem suas operações digitais funcionando com segurança e eficiência, oferecendo soluções como armazenamento em nuvem, proteção contra ataques cibernéticos, automação de processos e desenvolvimento de plataformas digitais. Seus serviços são usados por bancos, indústrias, operadoras de telecomunicações e até governos.

Quem é a Almaviva

A Almaviva foi criada por Alberto Tripi, ex-IBM, e hoje é controlada por seu filho, Marco Tripi.

O grupo emprega 45.000 pessoas globalmente e atua em áreas críticas como saúde, transporte, defesa e serviços públicos. Além da atuação tradicional em TI, desenvolve soluções com base em IA, automação de processos e análise de dados.

No Brasil desde 2006, a empresa virou líder em Customer Experience, ou experiência do cliente, atendendo grandes bancos, operadoras e companhias de energia, principalmente com atendimento.

E agora, com a compra da Tivit, amplia sua frente em serviços corporativos de alta complexidade, como nuvem híbrida, segurança e infraestrutura digital.

Por que a Tivit foi vendida agora

Criada em 1998 por Luiz Mattar, ex-tenista profissional, a Tivit surgiu como uma prestadora de serviços de data center e outsourcing de TI.

Ganhou espaço atendendo grandes empresas que queriam digitalizar processos sem precisar montar estrutura própria. Em 2010, foi comprada pelo fundo de private equity Apax Partners, que liderou um processo de expansão para outros países da América Latina.

Jason Wright, sócio da Apax, resume o momento: “Foi um privilégio apoiar a Tivit nessa jornada. Agora, com a Almaviva, a empresa entra em uma nova fase com potencial de acelerar ainda mais seu crescimento.”

O que muda na prática

Com o fechamento da operação, ainda sujeito à aprovação do Cade, a Tivit se torna a principal base de tecnologia da Almaviva na América Latina.

A expectativa é de integração operacional, mas mantendo marcas e equipes locais no curto prazo. A união dos portfólios deve gerar sinergias em áreas como cloud, segurança e IA.

Planos de crescimento na América Latina

A aquisição da Tivit é parte de um plano mais amplo da Almaviva para reforçar sua presença na América Latina. Além do Brasil, a Tivit tem atuação consolidada no México, Chile, Argentina, Peru e Colômbia — mercados que passam por forte digitalização de serviços públicos e privados.

A estratégia agora é usar essa base para escalar soluções da Almaviva em gestão de dados, automação e atendimento omnichannel, termo para canais integrados de comunicação com o consumidor. A meta é disputar contratos corporativos de maior valor agregado e se posicionar como alternativa às big techs.

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