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Debate sobre o IOF deve focar no equilíbrio das despesas, diz Marcelo Noronha, CEO do Bradesco

Presidentes de grandes bancos discutem política fiscal e avanços em tecnologia na Febraban Tech 2025

Marcelo Noronha, presidente do Bradesco: 'Nós não simplesmente criticamos, mas tentamos influenciar positivamente em prol da nossa sociedade' (Leandro Fonseca/Exame)

Marcelo Noronha, presidente do Bradesco: 'Nós não simplesmente criticamos, mas tentamos influenciar positivamente em prol da nossa sociedade' (Leandro Fonseca/Exame)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 10 de junho de 2025 às 15h05.

Última atualização em 10 de junho de 2025 às 16h18.

Em meio aos efeitos do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), presidentes dos grandes bancos brasileiros ressaltaram a urgência de um debate mais profundo sobre a política fiscal do país, visando mitigar potenciais impactos negativos na economia brasileira. Durante a abertura da Febraban Tech 2025, realizada nesta terça-feira, 10, eles enfatizaram a necessidade de um diálogo construtivo para evitar medidas prejudiciais e garantir um equilíbrio fiscal sustentável.

Em relação à política fiscal, Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, reiterou que o banco sempre defendeu que o debate sobre o IOF deve focar no equilíbrio das despesas e não apenas na receita. "Nós não simplesmente criticamos, mas tentamos influenciar positivamente em prol da nossa sociedade", disse Noronha, destacando a postura construtiva dos bancos no diálogo com o Congresso Nacional e o Poder Executivo.

Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), seguiu a mesma linha, enfatizando que é inevitável que o Brasil revise sua estrutura de despesas orçamentárias. "Se isso não ocorrer, o arcabouço fiscal vigente não será sustentável a partir de 2026, resultando em maior ineficiência e aumento do custo Brasil", alertou Sallouti. O executivo também provocou: "Se sabemos que isso é inevitável, por que estamos esperando?"

Sallouti ainda fez uma analogia com as empresas, afirmando que, assim como no setor privado, o governo também precisa revisar suas despesas e buscar eficiência. "O governo tem o privilégio de ser um monopólio de tributar, mas até nisso esse monopólio acaba não funcionando, pois a sociedade reage", completou.

Milton Maluhy, presidente do Itaú, convidou todos a somarem forças por um país melhor, destacando a importância de um trabalho ético e responsável. "Deixe a polarização de lado e foque no que é melhor para o país", concluiu Maluhy.

Mario Leão, presidente do Santander, também destacou a importância de transformar os debates sobre equilíbrio fiscal em reformas estruturantes, com evolução significativa a partir de 2026. "O sistema financeiro tem um papel importante nesse debate e tem sido proativo", disse Leão.

Avanços em inteligência artificial e produtividade

Durante o painel de abertura, o Itaú apresentou a ferramenta lançada neste mês, a “Inteligência de Investimentos Itaú”, uma solução de inteligência artificial generativa que atua como um "assessor de investimentos digital", com foco em proporcionar uma experiência hiperpersonalizada aos clientes. O banco também revelou que mais de 12 milhões de clientes já migraram para o One Itaú, o super app da instituição, que centraliza todos os serviços bancários em um único aplicativo. A medida teve um impacto positivo no NPS, métrica usada para medir a satisfação e a lealdade dos clientes, que aumentou em 85%.

O Bradesco também apresentou avanços em inteligência de dados, com a criação da Bradesco Inteligência de Dados Genérica (Bridge), que oferece 200 experiências internas, incluindo feedback diário por IA na área de cobrança para otimizar a performance dos funcionários.

O BTG Pactual destacou que a inteligência artificial foi fundamental para ganhos de produtividade, especialmente em atendimento ao cliente, com 75% de ganho nesse sentido e 30% em aumento de programação. A aplicação da IA também tem sido estendida para marketing, personalização de ofertas, concessão de crédito e prevenção de fraudes.

Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, afirmou que, além de digitalizar todos os processos bancários a curto prazo, o banco está trabalhando para combinar inteligência artificial com computação quântica a longo prazo. Isso permitirá adaptar o portfólio em tempo real, além de usar modelos de QML (Qualidade da Métrica de Liquidez) para melhorar a eficiência operacional.

Além disso, a presidente lembrou que os clientes do Banco do Brasil agora podem gerenciar seus gastos pelo WhatsApp, com integração da plataforma de CRM, oferecendo uma experiência omnicanal e permitindo o acompanhamento completo da jornada do cliente.

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