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Publicado em 9 de junho de 2025 às 12h47.
Entre os dias 7 e 10 de junho, durante o período do "gaokao" – exame que avalia estudantes para entrada em universidades chinesas –, alguns dos chatbots de inteligência artificial mais populares da China, como o Qwen, da Alibaba, Yuanbao, da Tencent, e o Kimi, da Moonshot, desativaram suas funções de reconhecimento de imagens para garantir “justiça” no processo.
Uma das provas mais rigorosas do país, o gaokao é um marco na vida de milhões de jovens chineses, sendo considerado um dos maiores determinantes para o futuro acadêmico e profissional. A competição por vagas nas melhores universidades é acirrada, o que leva muitos estudantes e suas famílias a buscarem qualquer vantagem possível, incluindo, em alguns casos, tentativas de trapaça. Para minimizar tais problemas, as autoridades proibiram o uso de dispositivos eletrônicos durante o exame.
Apesar das medidas, o Qwen e o Doubao ainda ofereciam funções de reconhecimento de imagens nesta segunda-feira, 9, antes do horário de início do exame. Quando questionados sobre fotos de questões de prova, o Qwen informou que o serviço estava temporariamente suspenso e o Doubao declarou que a foto não estava "em conformidade com as regras".Embora tenha sido projetado para ser o exame mais rigoroso do país, o avanço da inteligência artificial trouxe novos desafios para escolas e reguladores. O Ministério da Educação da China divulgou recentemente um conjunto de regulamentos, afirmando que as escolas devem incentivar a formação de talentos em IA, mas os alunos não devem usar conteúdo gerado com a tecnologia respostas em provas e lições. O governo também tem se preocupado em equilibrar a inovação tecnológica com a manutenção de um sistema de avaliação justo e sem fraudes.
O gaokao é um exame único no sistema educacional chinês, já que, ao contrário de países como os EUA, onde os alunos podem usar suas notas acadêmicas, ensaios pessoais e testes padronizados para se candidatar às universidades, na China o exame é, em muitos casos, a única chance dos estudantes de entrar em uma boa universidade.
Por isso, ele é frequentemente comparado com o Enem. Com cerca de 13,4 milhões de candidatos em 2025 – portanto, mais de três vezes maior que o exame brasileiro, que teve 4,3 milhões de participantes em 2024 – , a pressão sobre os alunos é imensa, especialmente para aqueles de cidades menores ou famílias de baixa renda.