Agência de notícias
Publicado em 9 de junho de 2025 às 15h23.
Última atualização em 9 de junho de 2025 às 15h43.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou durante seu interrogatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira, que Bolsonaro recebeu a minuta golpista e "enxugou o documento" para retirar a prisão de autoridades.
Segundo Cid, no entanto, o ex-presidente manteve a detenção de Alexandre de Moraes no documento.
Cid respondeu a perguntas do próprio Moraes, que é relator do caso que julga a trama golpista no STF. O delator afirmou que o documento apresentado por Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, previa originalmente a prisão "de vários ministros do STF" e autoridades do Legislativo, como o então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas que Bolsonaro editou o documento.
— De certa forma, ele [Jair Bolsonaro] enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Alexandre de Moraes] ficaria como preso, o resto... — disse Cid a Moraes, quem emendou que "ao resto foi concedido habeas corpus". Nesse momento, o ex-presidente Bolsonaro, presente do plenário da Primeira Turma, riu da piada de Moraes.
Ao explicar o teor do documento, Cid confirmou que havia a previsão de se instalar uma comissão eleitoral que declararia nulas as eleições de 2022 e realizaria um novo pleito.
— O documento [a minuta golpista] consistia de basicamente duas partes, a primeira eram os considerandos, eram dez, 11 ou 12 páginas, bem robusto. Tratava das possíveis interferências e intervenções do STF e do TSE no governo Bolsonaro e nas próprias eleições e na segunda parte entrava numa parte mais jurídica, de estado de defesa, de sítio, prisão de autoridades e decretação de um conselho eleitoral para refazer as eleições ou algo parecido — disse Cid.